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Chegamos ao caos?

Eng. Francisco Almeida

Publicado: 16/01/2020 - Fonte:


Francisco Almeida é engenheiro e presidente do Crea-GO (Foto: Silvio Simões)


A educação no Brasil merece reflexão da população, uma vez que esta é a principal interessada na qualidade dos profissionais que são formados. A sociedade custeia a formação, seja na forma de impostos, no caso das instituições públicas, ou de mensalidades, no caso das privadas.

No Brasil, observamos que as instituições públicas supostamente oferecem ensino de melhor qualidade. As escolas melhor posicionadas são as públicas, mesmo com a propalada limitação de recursos em geral. Nos Estados Unidos, as melhores indexadas são as particulares, como Harvard, MIT e Yale.

Em termos mundiais, não estamos bem colocados. O ranking da QS World University Rankings, divulgado em junho de 2019, indica a fragilidade da educação brasileira. A melhor posicionada, a Universidade de São Paulo (USP), aparece apenas no 116º lugar. Dentre as 500 primeiras, aparecerem apenas cinco instituições brasileiras, todas públicas.

Voltando o olhar para o ranking das instituições brasileiras, verificamos que a particular melhor colocada está na 18ª posição. Entre as 50 primeiras, há apenas sete particulares. De forma geral, essas colocações fazem supor que elas estão oferecendo ensino de qualidade inferior, se comparadas com as instituições públicas.

Diversas causas levam a essa baixa qualidade de ensino. Dentre elas: o alto caráter comercial que ganhou o ensino superior; a excessiva criação de instituições e de cursos, gerando grande oferta de vagas; baixo investimento em recursos pedagógicos, humanos, tecnológicos e de infraestrutura; e baixa remuneração aos professores.

A educação está sendo atingida pela criação de cursos na modalidade EaD, especialmente pelas instituições privadas, incluindo os cursos da área tecnológica. Em Goiás, o Crea tem empreendido vistorias nos polos de diversas instituições de ensino que possuem vagas liberadas pelo Mec no Estado nessa modalidade. Nessas vistorias, constata-se que algumas não possuem polos ou, quando possuem, não oferecem a estrutura física e de pessoal adequadas.

Preocupa-nos ainda o fato de que o EaD está contaminando o ensino presencial. A Portaria nº 2.117/2019 do Mec admite a ampliação de 20% para 40% dos conteúdos das disciplinas nessa modalidade, com provável reflexo na formação e no desempenho dos profissionais, que não confeririam a necessária segurança, economia e produtividade à sociedade, e não promoveriam o desenvolvimento sustentável.

 

Eng. Francisco Almeida

Presidente do Crea-GO