Eng. Civil Antonio de Padua Teixeira
Publicado: 07/07/2018 - Fonte:Existem mais de dez pedreiras na Região Metropolitana de Goiânia, algumas delas desativadas e abandonadas, apenas crateras a céu aberto. Outras estão recebendo entulho para seu reaterro, e nenhuma das duas situações deveria estar acontecendo. A exploração de uma pedreira exige um projeto, um licenciamento ambiental que inclui o compromisso de recuperação da área após o encerramento da lavra, para permitir seu uso futuro.
É preciso impermeabilizar a área para evitar a eventual contaminação do lençol freático. A água que se infiltrar deve ser drenada e bombeada. O aterro deve ser feito apenas com materiais inertes, como a própria brita, areia, concreto e cerâmica. Eles permitem uma compactação adequada para o uso futuro do terreno, sem recalques nem contaminação. No entanto as caçambas que chegam aos aterros são as mesmas que vemos na rua, cheias de plástico, papel, podas de árvores, cheias de lixo, além de outros resíduos perigosos ou contaminantes, como as tintas, o gesso e telhas de amianto.
A empresa fornece brita por anos e anos. No preço de venda deve estar incluído o custo da recuperação ambiental que ela é obrigada a fazer. No entanto isto não acontece. Depois de receber pela venda da brita, agora cobra também pelo recebimento do lixo. Na prática um passivo ambiental está sendo transformado em ativo financeiro. Não há triagem dos materiais, impermeabilização, drenagem ou compactação. É deprimente ver uma cena assim, caminhões chegando o tempo todo e despejando as caçambas de lixo, apenas entupindo o vazio deixado pela exploração da pedreira.
As caçambas também têm sido irregularmente destinadas ao antigo aterro sanitário, hoje apenas um lixão a céu aberto. A Comurg diz que continua recebendo o entulho porque os geradores "não têm para onde levar". Há também entulho esparramado por toda a cidade, em canteiros de avenidas, praças, terrenos baldios, na beira de córregos.
A gestão dos resíduos da construção civil apresenta soluções sustentáveis, como a reciclagem ainda utilizada aqui de maneira muito tímida. Ou o aterro feito de maneira correta. Em São Paulo a pedreira de Itaquera, uma cava de mais de seis milhões de metros cúbicos, foi aterrada com resíduos inertes de construção, após licitação realizada pelo Município. Foram adotados os procedimentos corretos e ela transformou-se em uma área apta a ser urbanizada, cumprindo todas as etapas previstas no licenciamento ambiental.
Todos os integrantes desta cadeia sabem o que fazer com o entulho. O gerador, o transportador, o responsável pelo destino final, os diversos níveis do Poder Público, todos eles têm plena consciência de que está tudo errado. E continuam fazendo e deixando fazer tudo errado. Estou me sentindo velho.
Eng. Civil Antonio de Padua Teixeira
Assessor Técnico do Crea-GO
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