Eng. Civil Antonio de Padua Teixeira
Publicado: 28/03/2019 - Fonte:O leilão da ferrovia Norte-Sul está marcado para 28 de março. Espero que ele não aconteça, porque há várias dúvidas e apenas uma certeza. Da maneira como está proposto, o prejuízo será grande para a economia de Goiás e para o transporte ferroviário brasileiro.
Um diretor da RZD, estatal russa que administra 85.000 km de ferrovias, esteve aqui há dois anos e manifestou seu interesse na licitação. Seria a oportunidade de uma mudança radical no modelo de transporte mas agora está considerando não participar, entendendo que ela está dirigida. Sua visão é diferente do que se pratica no Brasil, onde as concessionárias são as únicas captadoras das cargas e operadoras do sistema. O resultado é que o transporte ferroviário hoje se restringe quase exclusivamente ao minério, com quase 80% das cargas, e à soja com cerca de 5%. Não há carga geral, as cargas industrializadas só andam de caminhão. O transporte de contêineres é irrisório. Nem os fertilizantes, carga de retorno natural para a zona de produção, são transportados pela ferrovia. O Ministério Público Federal recomendou a suspensão da licitação por não concordar que o sistema continue sendo uma concessão vertical, impedindo que outros interessados utilizem a ferrovia. Outra questão apontada é que não está previsto o transporte de passageiros.
O Governo do Estado nunca se manifestou sobre o processo da concessão com a veemência que seria necessária. Vimos recentemente algumas declarações vagas de um secretário sobre o assunto, demonstrando a falta da visão do Estado sobre o tema, como se a ferrovia existente estivesse funcionando e tudo vai ficar ainda melhor com a Norte-Sul. Nada mais longe da verdade. As concessionárias abandonaram milhares de quilômetros de ferrovias no Brasil e ninguém fez nada para impedir ou corrigir este descalabro. Nem a Agência Nacional de Transportes Terrestres, nem os Governos Estaduais, que nunca se manifestaram, e nem o Governo Federal.
Haverá uma reunião em Uberlândia, no dia 29 de março, para discutir a construção de uma ferrovia entre Alto Araguaia e Uberlândia, passando por Mineiros, Jataí, Rio Verde e Itumbiara. Houve também manifestação recente do Governo Federal sobre a construção de uma ferrovia no norte do Mato Grosso, indo até Campinorte. São vários projetos e Goiás está no centro de todos eles. Seria bom se o Governo do Estado participasse mais ativamente das discussões, procurando garantir melhores condições para o setor produtivo. Da maneira que o processo está sendo conduzido vamos ficar, pelo menos durante os trinta anos do contrato, reféns de uma solução inadequada e contrária aos interesses do Estado.
Eng. Civil Antonio de Padua Teixeira
Assessor Técnico do Crea-GO
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