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A ferrovia vai funcionar

Eng. Civil Antonio de Padua Teixeira

Publicado: 28/07/2019 - Fonte:




A carga mais expressiva que chegou a Goiás pela ferrovia no ano passado foi o combustível, mais de duzentas mil toneladas vieram da Replan para Senador Canedo. A segunda maior carga foi o enxofre, que desembarcou noventa mil toneladas em Catalão. Fora isto não sobra quase nada. A VLi, que no final de 2017 interrompeu, sem aviso aos clientes, o transporte de contêineres a partir de Anápolis, paralisou em abril deste ano o transporte de combustíveis para o terminal do Novo Mundo. Não há praticamente nada sendo trazido pela ferrovia entre Goiandira e Anápolis. Entre Leopoldo de Bulhões e Goiânia não há mais tráfego.

Isto poderia ser uma boa notícia para o projeto de implantação de um trem turístico na Região da Estrada de Ferro, pouco uso da linha, mais tempo disponível, mas a justificativa apresentada para a paralisação do transporte de combustível foi a deficiência na manutenção. Não entendemos como se pode alegar como motivo uma deficiência que é responsabilidade da própria empresa. A manutenção é essencial para oferecer um transporte de qualidade, minimizando os riscos de acidentes. E este quesito é crucial quando se fala no transporte de turistas. É bom lembrar ainda que a circulação de trens turísticos não está incluída na concessão, que se restringe a cargas.

Neste caso, como no caso do transporte de contêineres a partir de Anápolis, não foram cumpridos os quesitos exigidos antes da paralisação, e não houve reação da ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres em nenhum dos casos.

O contrato de concessão do trecho da Ferrovia Norte-Sul entre Palmas (TO) e Estrela D’Oeste (SP) será assinado em Anápolis no dia 31 de agosto, apresentando finalmente um final feliz para uma novela de 32 anos. As cargas goianas poderão sair principalmente pelo porto de Itaqui, para o que deverão negociar o direito de passagem com a VLi a partir de Palmas, ou por Santos, trafegando pelo trecho paulista da Rumo a partir de Estrela D’Oeste. Provavelmente será mais fácil por Santos, apesar da pressão que vem sendo feita pelo Ministério dos Transportes para que o direito de passagem para o Norte não seja obstáculo à melhor solução logística. Pelo menos para o transporte de contêineres espero que tenhamos uma solução imediata. Segundo informações obtidas na internet, a Brado, que faz parte do grupo da Rumo, transportou uma média de 70 mil contêineres por ano em 2015 e 2016.

A concessão da Ferrovia Centro-Atlântica teve início em 1996, com prazo de 30 anos. Estão sendo feitas tratativas para uma renovação antecipada, mas não sabemos a quem isto interessa além da própria FCA. A Goiás com certeza é que não.

 

 

Eng. Civil Antonio de Padua Teixeira

Assessor Técnico do Crea-GO