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Fruticultura em Goiás

Eng. Agr. Ariston Alves Afonso

Publicado: 17/12/2021 - Fonte:




Como é sabido, o Estado de Goiás está brilhando no cenário nacional com a produção agrícola e pecuária, porém, pouco diversificada, limitando-se a alguns itens, especialmente grãos, como a soja, o milho e o feijão e carnes, provenientes da bovinocultura extensiva. Existem algumas atividades fora desse roll, mas são incipientes ou ainda não atingiram portes economicamente significativos.

No entanto, o Estado possui aptidão para ampliar esse leque de atividades, especialmente introduzindo ou intensificando o cultivo de espécies mais sofisticadas como por exemplo a fruticultura, que já conta com algumas iniciativas importantes acontecendo, como é o caso do plantio de melancia, abacaxi, maracujá, banana, laranja, limão, manga, goiaba, mamão, abacate dentre outros. Embora seja um dos maiores produtores brasileiros de frutas, a produção ainda não é suficiente para atender o mercado interno, de modo que, parte ainda é importada, 

A produção de frutas é um dos seguimentos mais lucrativos da atividade rural e deve ser encarada como um negócio com grande potencial. Ela possibilita que pequenos, médios e mesmo grandes produtores alcancem maior rentabilidade em áreas menores, além da diversificação da produção, o que assegura mais estabilidade da atividade como um todo.

As frutas mais indicadas para o cultivo no centro-oeste são aquelas que têm sua origem em locais com o clima parecido com o daqui, ou que toleram bem temperaturas relativamente elevadas, como é o caso das espécies citadas acima.

Se tomarmos a cultura da banana como exemplo, deparamos com uma espécie perfeitamente adaptada ao nosso clima, com ampla aceitação popular e com grande potencial de ser exportada para outros Estados e até para outros países.

A implantação de um bananal custa por volta de R$ 25.000,00 reais e deve receber algumas estruturas auxiliares, como sistemas de irrigação, de conservação e solos, armazenamento, e eventualmente quebra-ventos, que custariam mais uns R$ 10.000,00 reais por hectare.

Um bananal tecnicamente conduzido inicia sua produção por volta dos 14 a 18 meses, retorna o investimento por volta dos 24 meses e pode ser mantido em produção até os 36 meses;

Existem muitas variedades adaptadas à região como Banana Nanica; Nanicão; Prata; Prata Anã; Pacovan; Maçã; Ouro; da Terra;

Uma das preocupações que o agricultor deve ter na formação do seu bananal é com a qualidade das mudas, que devem ser selecionadas, oriundas de matrizes de qualidade comprovada e livres de pragas e doenças. Na região já existem laboratórios que produzem mudas capazes de atender aos mais altos padrões de qualidade.

A cultura é altamente exigente em solos, e, sabidamente, os solos de Goiás não são dos melhores, porém, podem ser recuperados com a adição de corretivos e fertilizantes, sejam químicos, sejam orgânicos. Para isso, o agricultor deve recorrer à assistência técnica especializada, realizar todas as análises necessárias e fornecer os insumos que as plantas necessitam.

A cultura não está livre do ataque de pragas e doenças, e o agricultor deve ficar atento para isso também. Dentre as pragas destaca-se o moleque da bananeira, mas existem outros que merecem cuidados, como o Tripes da Erupção dos Frutos; Tripes da Ferrugem dos Frutos; Lagartas Desfolhadoras; Abelha Arapuá; Broca-Rajada

Dentre as doenças destacam-se o mal-do-panamá, as sigatokas amarela e negra, a podridão da coroa, a podridão dos frutos e a antracnose. 

O produtor pode fazer opção por mais de uma espécie de fruta na propriedade, mas não é bom variar muito, pois as estruturas que cada espécie exige são diferentes e pode gerar despesas adicionais ou então ficarem ociosas por muito tempo.

Há a possibilidade de se processar parte da produção na fazenda, especialmente dos excedentes de produção e aquelas que não alcançam qualidades para serem comercializadas in natura e produzir-se polpas, geleias  etc., porém, na realidade, não é tão fácil assim, pois o processamento exige uma estrutura adequada, que nem sempre será utilizada o ano todo, além de ter que contar com mão de obra especializada.

Outra dificuldade é inserir o produto no mercado, já que o consumidor dá preferência para marcas conhecidas e nem sempre está muito disposto a arriscar na aquisição de uma marca nova. Além disso, requer toda uma estrutura comercial para atingir o consumidor.

O índice de profissionalização da bananicultura em Goiás ainda deixa a desejar e, somente entre a colheita e a mesa do consumidor chega-se a atingir perdas 40%. Isso fica claro quando atentamos para a qualidade do produto na gôndola de um mercado. É fácil deparar com frutos amassados, arranhados, como colorações diferentes, ou seja, falha-se nos processos de colheita, manuseio, seleção e outros, depreciando o produto depois de um grande esforço para chegar-se a ele. E isso não é um “privilégio” da banana. Certamente coisa parecida acontece com as demais frutas também.

Mas o Estado não está condenado a cultivar somente espécies de clima tropical. As culturas de clima temperado começam a se fazerem presentes por aqui, especialmente nas regiões de maiores altitudes, acima dos mil metros, onde o clima é mais ameno. Aí é comum encontrar lavouras de morango, uva, pêssego, dentre outras, em produção comercial.

Porém, existem experiências exitosas especialmente com uvas em regiões não tão amenas, que, além da uva de mesa, estão produzindo vinhos e sucos de boa qualidade.

Claro que são experiências ainda no início, mas que, se devidamente conduzidas, podem abrir um caminho importante, especialmente se pensarmos que as variedades que estão sendo plantadas não passaram por grandes adaptações para serem inseridas na região, e que se forem devidamente adaptadas poderão render muito mais.

Claro está que Goiás tem enorme potencial para a fruticultura, mas que também tem alguns gargalos a serem vencidos. Dentre eles destacam-se o baixo consumo de frutas pela população, a falta de tradição dos agricultores, sejam os nativos, sejam aqueles que escolheram viver aqui, que têm muito mais vivência com produção de grãos ou com a pecuária. Outro fator impeditivo é a falta de infraestrutura adequada como sistemas de transportes e armazenamento, falta de mão de obra e de assistência técnica especializadas, além da carência de pesquisas voltadas para a área.

Mas, desafios muito maiores já foram superados. Agora é uma questão de convencimento dos agricultores, de que a atividade é lucrativa e viável, para que, em breve novo patamar seja atingido, e passemos de importador a exportador de frutas.