Eng. Agr. Ariston Alves Afonso
Publicado: 23/02/2022 - Fonte:O Brasil, como é sabido, tem se mostrado como aquilo que se esperava dele, ser o celeiro do mundo, já que consegue produzir alimentos para mais de 1,5 bilhão de pessoas. Alguns fatores são primordiais e contribuíram decisivamente para que essa posição fosse atingida. Uma delas é a posição privilegiada que o território está situado no globo terrestre, onde a incidência solar é efetiva durante o ano todo.
A produção agrícola é obtida através da exploração de diversas espécies de vegetais, que capturam a energia solar e a transformam em energia química. Essa energia chega às pessoas na forma de alimentos.
No entanto, se compararmos a quantidade de energia que incide sobre a superfície do solo, com a que é capitada e transformada em alimentos pelas plantas, constata-se que uma parte ínfima dessa energia é capturada.
A título de ilustração, veja alguns cálculos, usando como exemplo a cana-de-açúcar, que é a espécie mais eficiente que se conhece. Uma lavoura de cana produz aproximadamente 60 toneladas por hectare/safra, e que a fase efetivamente eficiente da planta dura aproximadamente um ano.
Uma tonelada de cana produz 118 kg de açúcar, ou seja, 1 hectare produz aproximadamente 7.000 kg, ou 700 gramas/m². Como 1 grama de açúcar disponibiliza 4 calorias, conclui-se que 1 m² de cana produz aproximadamente 2.800 calorias/ano.
Segundo os centros meteorológicos, chega-se à superfície da terra, aproximadamente 1,96 cal/cm².minuto, ou seja, 1.095.000.000 cal/m². ano.
Portanto, desse total astronômico, apenas 2.800 por m² são disponibilizadas para consumo humano. Obviamente que a planta capta bem mais que isso, utilizadas em seu próprio metabolismo e para construir sua parte estrutural, como celulose, dentre outras.
A conclusão mais óbvia é que as espécies vegetais são muito ineficientes. Tomando essa assertiva como verdadeira, aí está um campo que a ciência deve focar seus esforços e ela tem feito isso com muito esmero e eficiência, haja vista os resultados alcançados nos últimos anos.
Esse emprenho produziu frutos que salvaram a pátria de uma insolvência alimentar que se avizinhava nas décadas de 1960/1970, quando era uma grande importadora de alimentos e passou a ser uma das maiores exportadoras, em apenas 50 anos, mas ainda há espaço para avançar.
Se, ao invés de parte da população destruir centros de pesquisas, como lamentavelmente ocorreu recentemente, investir ainda mais na busca de plantas e métodos produtivos mais eficientes, poder-se-á produzir a mesma quantidade em áreas menores, o que representa o aumento da área preservada.
Apenas duplicando a eficiência das plantas, a área plantada pode ser reduzida pela metade. Assim, dos 200 milhões de hectares atuais, serão necessários 100 milhões, com notáveis ganhos em preservação ou capacidade de expansão da produção, sem incorporação de novas áreas.
Resta saber que rumo se quer tomar.
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