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Todos ficaremos velhos

Eng. Civil Antonio de Pádua Teixeira

Publicado: 02/03/2022 - Fonte:




A engenharia e a arquitetura têm conhecimentos e dispõem de tecnologia suficiente para que todas as edificações e equipamentos atendam às necessidades de todas as pessoas. São notórias as dificuldades que os deficientes experimentam em habitações inadequadas e na utilização dos serviços públicos, objeto de discussão permanente sobre a necessidade da implantação da acessibilidade universal.

O problema, no entanto, é bem mais extenso do que esta constatação diária. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA mostra o Brasil tinha 14,23 milhões de idosos em 2010, correspondendo a 7,3% da população, passando para 20,76 milhões em 2020, ou 9,8% da população, e podendo chegar a 30,36 milhões em 2030, correspondendo a 13,5% da população. Este número aumenta todo ano e é muito maior do que a quantidade de habitações obrigatoriamente acessíveis exigidas no Plano Diretor. Não fez parte da discussão o fato de que todos nós ficamos todo dia mais velhos e seguramente também teremos necessidades especiais que deverão ser atendidas.

Além desta acessibilidade que deve ser garantida e está muito bem estabelecida pelas normas da Associação Brasileira das Normas Técnicas (ABNT), há outras providências que deveriam ser adotadas, mesmo que fosse apenas fazendo de conta que um dia seremos idosos, mas não tenhamos a necessidade de mudar de casa.

Ao invés de redondas, as maçanetas das portas deveriam ser de alavanca, muito mais fáceis de utilizar quando chega a artrite. As portas deveriam ser deslizantes ao invés de giratórias, porque ocupam menos espaço o que permitiriam que as portas dos banheiros tivessem os 80 cm necessários para o acesso de uma cadeira de rodas. As escadas devem ser evitadas, mas se forem imprescindíveis, que tenham seus degraus pintados de cores diferentes. O corrimão também deve ser obrigatório.

Cuidado especial deve ser tomado no projeto dos banheiros para que quando chegar o momento, ali possam ser instaladas as barras de apoio, um assento para o chuveiro e tudo o mais que for exigido para que a mudança de casa não seja obrigatória. Outra necessidade, presente na vida de todos nós, mas pouco observada, se refere ao cuidado com a altura e a disponibilidade das tomadas, para que a utilização de um carregador de celular não obrigue a exercícios que a idade às vezes não permite mais.

Cabe ao Poder Público, especialmente ao Legislativo, estabelecer estas regras depois de discussão pública, técnica e proveitosa com os principais interessados envolvidos, os deficientes que já sentem a falta das condições adequadas e também nós outros que um dia ficaremos todos velhos.