Eng. Civil Keillon Cabral
Publicado: 03/08/2016 - Fonte:A atual conduta das empresas de engenharia de grande porte no Brasil leva à reflexão sobre duas questões fundamentais para o mercado: a capacidade técnica de execução das empresas com alto poder de realização e modificação do meio; e a ética profissional e empresarial.
A expertise de algumas dessas empresas, hoje sob investigação da Polícia Federal brasileira são indiscutíveis, inclusive fazendo frente em termos de competitividade para com qualquer empresa do segmento no mundo. No entanto, o modus operandi das mesmas para galgar contratos públicos no cenário brasileiro é o cerne da questão.
A Operação Lava Jato está mostrando situações moralmente inapropriadas que refletem uma prática que impacta na opinião pública. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), por causa da corrupção se desvia cerca de R$ 200 bilhões por ano. Recursos que poderiam ser transformados em escolas, hospitais e creches, beneficiando a população.
Além das 10 Medidas Contra a Corrupção, encampadas pelo MPF, o Sistema Confea/Crea também vem atuando de forma contundente para moralizar a conduta das atividades das Engenharias. Os Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia estão adotando várias ações que exaltam a conduta ética de forma sistêmica, salientando que a profissão de engenheiro é alto título de honra e sua prática exige conduta honesta, digna e cidadã.
As ações em curso buscam agilizar o andamento dos processos éticos, com campanhas publicitárias que têm o objetivo de promover uma melhor compreensão da população sobre o tema, comunicados orientativos aos profissionais, palestras aos estudantes, aplicação rigorosa das penalidades previstas em lei e outros.
Mas esses procedimentos ainda não são o suficiente, tendo em vista que atingem apenas a pessoa física. Diante disso, o Sistema Confea/Crea resolveu discutir o assunto de maneira macro. Para avaliar, julgar e punir a conduta ética empresarial, é que está em curso no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) a Proposta de n° 25/2014, que trata da criação do Código de Ética Empresarial, como forma de intimidação frente as manobras de corrupção ativas ou passivas.
Embora haja empenho do Sistema Confea/Crea para alterar o cenário negativo por que passa a engenharia brasileira, é necessária a participação efetiva da sociedade, para que as mudanças sejam visíveis em curto prazo. Portanto, é imprescindível que ela mesma seja o agente protagonista e que use as armas que tem de direito, inclusive o próprio Crea, em Goiás, via ouvidoria ou Portal, para fazer suas denúncias.
- Artigo publicado no Jornal O Popular, em 03 de agosto de 2016, na Editoria Opinião, pág. 02
* Keillon Cabral é Engenheiro Civil, empresário, conselheiro e Coordenador- Adjunto da Comissão de Ética Profissional do Crea-GO.
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