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Resíduos viram matéria-prima

Indústrias goianas investem mais na destinação correta de sobras e rejeitos, reaproveitados na cadeia produtiva, usados para gerar energia e fabricar insumos

Publicado: 30/01/2023 - Fonte: O Popular




Um dos maiores desafios para a indústria moderna é continuar gerando receitas com menos impacto, ou seja, sem que isso resulte em excesso de resíduos que prejudicam o meio ambiente e a vida das pessoas. A geração de resíduos cresce junto com a produção, mas cada vez mais empresas investem no melhor gerenciamento destes materiais. Além de reduzir a quantidade, o objetivo é fazer o reaproveitamento de resíduos nos processos produtivos ou na produção de insumos para outras indústrias.

Segundo o último Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, em 2022, a geração de resíduos atingiu somou 81,8 milhões de toneladas, o que resulta em uma média de 1,04 quilos de resíduos gerados por cada habitante no dia. Um levantamento realizado da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 76,5% das indústrias desenvolvem alguma iniciativa de economia circular, que visa manter os recursos por mais tempo na cadeia produtiva.

Uma das tecnologias utilizadas no gerenciamento de resíduos é o coprocessamento, que dá uma destinação adequada e ambientalmente correta para eliminação de diferentes tipos de materiais. Na Votorantim Cimentos, os resíduos com poder de queima são destruídos nos fornos da indústria, devido às altas temperaturas no processo de fabricação do cimento. Eles se transformam em energia e deixam de ir para os aterros sanitários, onde entrariam num processo de decomposição que levaria anos e geraria gases nocivos ao planeta.

A fábrica da Votorantim Cimentos, no município de Edealina, faz o coprocessamento desde 2017. Em 2021, a unidade destinou mais de 57,8 mil toneladas de resíduos, entre pneus picados e biomassas, como cavaco de madeira, palha de milho e bagaço de cana. Outros resíduos que não têm poder de queima são usados como substitutos de matérias-primas para fabricação do cimento, como lodo de estações de tratamento e até resíduos da limpeza de pisos.

A gerente comercial da Verdera na Região Centro-Norte, unidade de soluções ambientais e gestão de resíduos da Votorantim Cimentos, Barbara Silveira, explica que o coprocessamento de resíduos ajuda a indústria a reduzir a utilização do coque, combustível utilizado para geração de energia. Estes materiais, segundo ela, vêm de outras indústrias que buscam uma destinação correta para seus resíduos, pois a unidade de negócios da Votorantim também presta o serviço de gerenciamento de resíduos para outras indústrias do mercado.

Segundo Barbara, a procura do serviço por parte das indústrias tem crescido por conta da legislação que exige uma destinação correta dos resíduos. “Por meio do coprocessamento, geramos um impacto positivo ao eliminar resíduos do planeta com uma tecnologia limpa, além de garantir a rastreabilidade deles, que nunca aparecerão como causadores de dano ambiental”, destaca.

O recolhimento e preparação destes resíduos que se tornam energia para os fornos da Votorantim precisam seguir especificações e parâmetros. A empresa Lidera Response, sediada em Aparecida de Goiânia, começou a fazer o serviço de preparação destes resíduos para o coprocessamento. Na Lidera, os materiais enviados pelos parceiros da Votorantim passam por uma triagem e se transformam em blends. A blendagem é o processo que transforma resíduos compatíveis em combustível para serem usados nos fornos das cimenteiras.

O proprietário da Lidera, Paulo Francisco Cardoso, lembra que as indústrias que optam pela bledagem de seus resíduos contribuem para a conservação dos recursos naturais, ao diminuir os riscos de contaminação dos solos e da água. A empresa começou processando 60 toneladas mensais de blends para a fábrica da Votorantim, mas a expectativa é chegar a aproximadamente mil toneladas por mês até o fim deste ano. Com o coprocessamento dos blends, a indústria de cimentos espera aumentar sua taxa de substituição de combustíveis fósseis de 30% para 42% em 2023.

Ações

As cinco ações para alcançar a sustentabilidade, reduzindo a geração de resíduos no planeta, formam os 5Rs: repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar. Entre os caminhos para isso, estão a reinserção de rejeitos industriais no processo produtivo, através da reutilização, e a sua transformação em outros produtos. É o caso de papéis reciclados, que voltam na forma de embalagens, por exemplo, beneficiando uma longa cadeia econômica.

A Piracanjuba conquistou o Selo Mais Integridade, premiação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que reconhece práticas de integridade por empresas do agronegócio. Um dos requisitos para o prêmio são as práticas de sustentabilidade. O químico, engenheiro ambiental, especialista em tratamento de resíduos e diretor ambiental da indústria, Jefferson Dias Araújo, informa que, em 2021, a empresa reutilizou 97 milhões de litros de água, que seriam descartados, mas foram utilizados em seus processos produtivos, como caldeiras e limpeza de equipamentos.

Jefferson lembra que, das 30,8 mil toneladas de resíduos geradas em 2021, 87% foram recicladas. A água com resíduos sólidos, como a usada para limpeza, vai para a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) da empresa, onde estes resíduos são removidos e ela é devolvida à natureza dentro dos padrões exigidos pela legislação. A empresa já possui duas ETEs no País e vai instalar mais três.

Já a matéria orgânica oriunda deste tratamento é reaproveitada se transformando em combustível para caldeiras. O diretor da Piracanjuba informa que dos 3,8 milhões de metros cúbicos de biogás gerados em 2021, mais de 90% foram utilizados em caldeiras, gerando energia térmica e substituindo a madeira de reflorestamento.

A Piracanjuba também investe na reciclagem materiais que não foram utilizados no processo produtivo, como papéis e plásticos, que se transformam em novos produtos, inclusive em parceria com cooperativas. “Embalagens tetra park viram papelão, telhas e até móveis”, destaca Jefferson. Além dar uma destinação correta a seus resíduos, a indústria ainda tem um retorno financeiro com isso.

 

Assessoria de Imprensa do Crea-GO
Fonte: O Popular
Foto: Wesley Costa



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