O governo do estado está promovendo um seminário, no dia 8 de março, para tratar da criação de um Sistema Ferroviário Estadual. Desta maneira Goiás vai se juntar a pelo menos outros dez estados que já contam com sua legislação para criação de sistemas ferroviários estaduais.

A iniciativa ficou com a Goinfra, agora sob a presidência do engenheiro Lucas Vissoto, e a organização do evento está sob a coordenação de seu diretor de Planejamento, engenheiro Riumar dos Santos. Estão previstas várias participações importantes, como por exemplo a direção da VLI Multimodal, responsável pela operação da parte goiana da concessão da FCA – Ferrovia Centro-Atlântica. Ela é a antiga Estrada de Ferro Goiás, que fez história no interior do estado, bifurcando-se em Araguari (MG) e ligando-se ao porto de Santos (SP) e também ao complexo portuário de Vitória (ES).

Outra participação importante será da direção da Rumo, empresa que detém a concessão da Ferrovia Norte-Sul desde Porto Nacional (TO) até Estrela D’Oeste (SP), onde se interliga com a malha paulista da própria Rumo indo também até o Porto de Santos.

O atual governo federal paralisou as providências, que já estavam bastante adiantadas, para transferir a administração do Porto de Santos para a iniciativa privada. No caso de Vitória, no entanto, a concessão da Codesa, Companhia Docas do Espírito Santo, foi transferida para a Vports, que já anunciou investimentos para ampliar a capacidade do porto e tratativas com a VLI para aumentar a disponibilidade do transporte. É bom para Goiás.

Na semana passada, a ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres aprovou a autorização que a empresa TAV Brasil havia solicitado para implantação de uma ferrovia de alta velocidade para transporte de passageiros entre São Paulo e o Rio de Janeiro. Talvez seja o momento de trazer novamente à discussão a construção de uma ferrovia entre Goiânia e Brasília. A ANTT fez um estudo completo sobre ela em 2011. Ele poderia agora ser atualizado e, quem sabe, surgir um interessado em levar esta ideia adiante.

A primeira ferrovia de passageiros foi inaugurada em 1830 (há quase 200 anos) ligando Liverpool e Manchester, na Inglaterra, e transportou 460 mil passageiros nos primeiros 12 meses de atividade. Um livro escrito pelo historiador inglês Orlando Figes mostra a influência da ferrovia na criação de uma “cultura europeia” a partir da primeira metade do século 19. De acordo com ele, só a ferrovia permitiu que as artes e a cultura fossem compartilhadas por todos os países europeus.

Versões baratas dos livros eram vendidas nas estações ferroviárias e o trem possibilitava a leitura durante a viagem, as mesmas peças eram encenadas em vários países, a mesma música era tocada nas casas e nas salas de concertos, as mesmas óperas eram encenadas em todo o continente. Essas ideias, essa cultura, foram depois levadas para todo o mundo em uma espécie de globalização cultural. Ainda podemos embarcar em uma aventura semelhante.

(Antonio de Padua Teixeira é engenheiro Civil, é assessor institucional do Crea-GO)

 

Assessoria de Imprensa do Crea-GO
Fonte: O Popular