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A pressa e o risco

Ariston Alves Afonso - Eng. Agrônomo

Publicado: 26/04/2023 - Fonte: - Parceria(s): VOX2YOU




Imagina a seguinte situação, por mais irreal que possa ser: A terra está se afastando de sua órbita e a população começaria a sentir os efeitos danosos dessa alteração, já tendo sido registradas diversas mortes em vários países, com expectativas de aumento desenfreado e sem controle, se nada for feito, e imediatamente. Os cientistas identificam as causas e concluem que esse afastamento se deve ao acúmulo de peso em locais concentrados na terra, causados pelas ações antrópicas, como a construção de grandes cidades e a criação de grandes represamentos hidroelétricos, alterando o eixo e afasta nosso planeta da lua.

Em rápidos estudos foi constatado que seria necessário enviar uma certa quantidade de areia da terra para a lua para restabelecer a proporção do peso entre os corpos celestes e, com isso, a terra poderia voltar à sua órbita normal. E, como o interesse é de toda humanidade, ficou acordado que cada país enviaria uma parcela proporcional ao número de habitantes. Conforme os cálculos, cada país deveria enviar uma tonelada de areia por grupo de 10 milhões de pessoas.

Desencadeado o processo, quais países teriam mais condições de iniciar a remessa em primeiro lugar? Por óbvio, são aqueles países que detém tecnologias para colocar foguetes na lua, porém, os foguetes não estão projetados para transportar esse peso, daí a necessidade de adaptá-los, o que certamente levaria algum tempo.

Os países que não detém essas tecnologias teriam que entrar em uma fila e adquirir os foguetes. Porém, os países detentores da tecnologia vão procurar antes atender suas próprias necessidades e depois atender aos demais, já que a capacidade de fabricação é limitada e isso provocaria um atraso ainda maior na remessa das cotas por países não detentores da tecnologia.

Existem alguns países que possuem recursos tecnológicos limitados, que, no entanto, possibilita a eles construir foguetes em uma situação emergencial, mas, por outro lado, não fabricam todos os componentes necessários, e, então, dependeriam de alguns componentes fabricados pelos países mais avançados, o que também iria provocar certa demora e, por consequência, atraso no início das operações.

Outra grande dificuldade enfrentada por todos, seria o fato de os foguetes não terem sido testados para lançamentos com peso extra, o que provocaria certa insegurança do seu funcionamento e demandaria a realização de testes de segurança, mas, dada a urgência, não havia tempo para isso.

Os países compradores, em entendimento com os fabricantes, solicitavam, como ocorre de praxe em todas as operações comerciais, garantias do funcionamento do equipamento, mas, como eles ainda estavam em testes, a resposta era que não poderiam dar nenhuma garantia que as responsabilidades por possíveis falhas seriam dos países compradores.

Essa situação gerou enorme insegurança, inclusive legal, já que os governos somente podem adquirir produtos testados e garantidos, ou obter autorização do parlamento para fazê-lo sem o atendimento desses pré-requisitos, e isso também leva certo tempo.

Mas a situação piorava rapidamente e se tornou premente o início das operações. Optou-se então por correr o risco, adquirindo foguetes sem terem sido cumpridas todas as etapas de testes. Felizmente os foguetes funcionaram a contento, e, embora os males não tenham cessado de todo, pelo menos deu um alívio e o número de mortes reduziu consideravelmente.

Qualquer semelhança com situações recentes é mera coincidência.

 Ariston Alves Afonso - Eng. Agrônomo