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Ponto de Ônibus Desaba na Capital Goiana

Conselheiro do Crea-GO concede entrevista ao jornal O Popular para apontar possíveis causas do acidente

Publicado: 02/08/2023 - Fonte: O Popular




Ao menos 115 pontos de ônibus de concreto foram retirados de Goiânia e Região Metropolitana desde março. A Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) diz que tem um projeto para substituir todos os abrigos. Nesta terça-feira (1), uma parada de concreto de três toneladas desabou após ser atingida por um ônibus. O acidente na capital ocorreu cinco meses após o registrado em Aparecida de Goiânia, e que deixou uma pessoa morta.

A colisão ocorreu por volta de 7h30, na Avenida Milão, no Residencial Celina Park, e foi registrada pela câmera de segurança de um comércio. O motorista do ônibus trafegava pela faixa à direita mas precisou desviar de um carro que estava estacionado na via, pouco atrás da parada. Ao retomar à direita, já na altura do ponto, a parte da frente do veículo colidiu com a cobertura. A batida fez com que a estrutura de concreto desabasse no mesmo instante.

Ao mesmo tempo, uma mulher, que estava a um passo de ficar debaixo do abrigo, percebe a queda no exato momento e consegue escapar do local onde parte da cobertura da estrutura, que se partiu ao meio, caiu. Na região, testemunhas relataram que ela estava indo a uma academia próxima. Após o acidente, a mulher seguiu o percurso e não há registro de que tenha se ferido. O POPULAR não conseguiu localizá-la.

A CMTC não deu mais detalhes sobre como e quando será feito o projeto para substituição de todos os pontos de ônibus, que engloba, além dos feitos com concreto, os metálicos. Conforme a companhia, está sendo realizada uma avaliação de todas as estruturas da capital e Região Metropolitana “para cobrar e ajudar as prefeituras a solucionar os problemas estruturais dos equipamentos”.

O órgão aponta ainda que, conforme deliberação da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC), a “manutenção, realocação e instalação” das paradas são de responsabilidade das prefeituras, e que cabe à CMTC apenas “planejar a marcação de pontos e coordenar a instalação dos equipamentos”.

Enquanto o projeto de substituição de abrigos de ônibus não é iniciado, o ponto na Avenida Milão, instalado entre 2008 e 2009, ficará sem a estrutura. Ainda na manhã desta terça-feira (1), logo após o desabamento, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) realizou a retirada do entulho e o conserto do asfalto da calçada, onde ficava a base da estrutura. Um poste foi pintado com lista zebrada amarela e preta para apontar que o local é uma parada de ônibus.

Comerciantes locais informaram, à TV Anhanguera, que é comum os coletivos colidirem o retrovisor na cobertura dos abrigos. Isso ocorreria por conta da distância entre a estrutura e o meio-fio, o que faria com que o teto se projetasse para além da área da calçada. A CMTC justifica, em nota, que o ponto “estava instalado dentro de todas as condições técnicas construtivas.”

O engenheiro civil Saulo Almeida, coordenador da Câmara de Engenharia Civil e Agrimensura do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO), aponta alguns fatores que podem ter influenciado no acidente. Um deles é a falta de uma faixa de desaceleração e aceleração, que é uma área recuada fora da pista de rolamento. “O ônibus fica fora da pista de rolamento principal, segurança de quem vai usar o transporte, para o motorista, os passageiros”, explica.

A faixa poderia até ser dispensada caso ali fosse uma via exclusiva de ônibus, o que não era. Inclusive, havia permissão para estacionamento na faixa à direita. No entanto, outras hipóteses podem ser levadas em consideração, como se o motorista estivesse em uma velocidade acima, o que impediria de fazer uma freagem segura. Além disso, o engenheiro também destaca a projeção da cobertura. “Pode ser que estivesse ocupando a via.”

Almeida acrescenta que o tipo de estrutura não garante maior ou menor segurança, seja ela de concreto ou metálica. Porém, pontua que se o acidente tivesse ocorrido com uma estrutura metálica “talvez (o ponto) não cairia na mesma velocidade, talvez não quebraria”. No caso das estruturas pré-moldadas de concreto, explica, há uma maior facilidade e praticidade na instalação, além de economicidade, o que poderia justificar a utilização destes.

Medidas

Para o engenheiro civil Saulo Almeida, “o ideal seria montar um grupo de trabalho” entre a prefeitura, o Crea-GO, e o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). “Fazer inspeção nos milhares de pontos de ônibus, principalmente naqueles com grande fluxo. Saber se foi seguido o projeto (de instalação), se foi feito por um profissional habilitado, se tem responsável técnico. Analisar vários questionamentos”, explica.

A medida seria eficaz, inclusive, por conta da degradação natural das estruturas de concreto e as metálicas. “Naturalmente, com o tempo, (os abrigos) vão degradando. A intempérie, de sol e chuva, o uso deles. O correto seria um plano de manutenção anualmente para os pontos com fluxo de usuário muito grande, talvez semestralmente. Uma inspeção periódica, para fazer manutenção preventiva ou corretiva”, especifica.

A Defesa Civil de Goiânia está elaborando um relatório para apontar melhorias ou adequações técnicas em relação aos abrigos de ônibus da capital. O documento irá apontar quais estruturas precisam ser retiradas com mais urgência. Não há informação de quando o mesmo será finalizado.

No dia 24 de março deste ano, após a queda do ponto de ônibus de concreto armado em Aparecida de Goiânia, acidente que vitimou o ajudante de pedreiro Wellington Oliveira, de 27 anos, a Defesa Civil do município emitiu recomendação para a troca de todos os abrigos de ônibus de concreto. No documento, pontua que a retirada das paradas do material seriam uma forma de “evitar ocorrências contendo abrigos de ônibus, em acidentes com vítimas fatais, como o que ocorreu no dia 8 de março.”

O POPULAR noticiou, no dia 11 de abril, que 22 pontos precários haviam sido removidos no município. Destas, apenas dois eram de linhas desativadas. O órgão apontou que as estruturas removidas apresentavam fragilidade e “risco de queda iminente”. O relatório da Defesa Civil de Aparecida também dizia que a troca seria diante do peso elevado da estrutura e da deterioração natural, que poderiam afetar a estrutura e apresentar riscos à população.

Um exemplo de risco era o ponto que desabou sobre Wellington. Um laudo de 2021 já apontava que parte da estrutura estava condenada, mas a mesma não foi retirada. O ponto estava desativado, com parte das ferragens expostas e bambo. Mesmo sem estar sendo utilizado, o abrigo de concreto tombou após o ajudante de pedreiro se apoiar na cobertura dele.

 

Assessoria de Imprensa do Crea-GO
Fonte: O Popular