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As cargas existem, quem diria?

O engenheiro civil Antonio de Padua foi destaque no jornal O Popular desta segunda-feira (04)

Publicado: 04/09/2023 - Fonte: O Popular




Recentemente, reportagem publicada no POPULAR noticiou o início do transporte de contêineres entre Anápolis e Santos através da ferrovia Norte-Sul. Esta “nova” modalidade oferecida vai fazer o transporte de carga geral e a ponta rodoviária para curtas distâncias garante a viabilidade de atender a uma grande região metropolitana compreendendo Goiânia, Anápolis e Brasília.

De acordo com a matéria, “serão atendidos pela ferrovia os mercados de exportação de algodão, mineração, siderurgia, alimentos (incluindo açúcar, farelo de soja, grãos e proteínas bovinas em contêineres frigorificados), peças automotivas, máquinas e equipamentos” que atualmente são transportados em 45 mil contêineres por ano pelas rodovias. Outros 17 mil são transportados por ano no sentido inverso.

Este assunto vem sendo abordado por mim aqui neste espaço há muitos anos. Em 2018, comentei um artigo que havia sido também publicado no POPULAR informando a comunicação, pela VLi, da “descontinuação” do transporte de contêineres que vinha sendo feito a partir do Porto Seco de Anápolis. Ele foi depois retomado, mas nunca mais retornaria aos níveis anteriores. Atualmente, é irrisório.

Voltei ao assunto várias vezes, mostrando também a falta de interesse no transporte das milhões de toneladas de granéis agrícolas exportadas pela região de Luziânia/Cristalina e no das outras milhões de toneladas de insumos para fertilizantes importadas por Catalão. Tudo anda de caminhão por milhares de quilômetros de nossas rodovias.

Outro comentário publicado aqui foi a comparação entre a quantidade de contêineres que a ferrovia transporta com origem ou destino em Anápolis (equivalentes a cerca de mil contêineres de 20’ em 2022), e aquela com origem ou destino em Rondonópolis (cerca de 120 mil contêineres). E nem é necessário um grande esforço mental para comparar a população da região de Rondonópolis com a população da região de Goiânia/Anápolis/Brasília.

Vai ser novamente aberta a Audiência Pública para a renovação antecipada da concessão da FCA – Ferrovia Centro-Atlântica. Nos termos em que a proposta anterior foi apresentada, a manifestação do Crea-GO foi desfavorável à renovação, porque não estavam previstos investimentos na malha goiana nem melhoria alguma nos serviços prestados. Será necessária uma tomada de posição nesta nova audiência, exigindo que o valor da outorga a ser recebida para a renovação seja investido na modernização da malha goiana que hoje utiliza menos de dez por cento de sua capacidade instalada.

Se for o caso da devolução, que tem sido demonstrada pelo desinteresse no transporte de uma carga que outros já estão vendo que existe, deve-se buscar o ressarcimento pela degradação da malha, a exemplo do que estão conseguindo Minas Gerais, o Rio de Janeiro e a Bahia. A região da Estrada de Ferro e seus vários municípios que surgiram com a construção da ferrovia merece este esforço.

Fonte: O Popular
Assessoria de Imprensa do Crea-GO