Lamartine Moreira Junior
Publicado: 13/05/2024 - Fonte: Diário da ManhãO Brasil está enlutado com a tragédia vivida no Rio Grande do Sul. A maior catástrofe climática da região, de acordo com a Defesa Civil do Estado, já tem 428 municípios afetados, mais de 100 óbitos confirmados, um número superior a este de desaparecidos e 165 mil pessoas desalojadas. É desolador pensar que, enquanto escrevo este artigo, estes números aumentam e a previsão de chuvas persistentes em volumes altos para os próximos dias nos dá uma ideia de que es tamos longe de um fim deste filme de terror.
Como resultado desta tragédia sem precedentes, além da desoladora perda de vidas, teremos cidades inteiras que desaparecerão. O Governo gaúcho já anunciou a intenção de desenvolver o Plano Marshall (alusão ao nome do programa criado pelo governo estadunidense para a reconstrução dos países europeus pós-Segunda Guerra Mundial) que prevê dois eixos: Assistência, Restabelecimento e Reconstrução e também Prevenção e Resiliência Climática. Em ambos os eixos, a atuação dos profissionais das Engenharias, Agronomia e Geociências é fundamental não só na elaboração de projetos e execução de ações e obras, mas também no estudo aprofundado sobre a nova configuração que estas cidades devem ter, uma vez que as áreas identificadas como de risco deverão ser desedifica- das para que novas tragédias não se repitam.
Este acontecimento doloroso deve servir também para nos alertar que os avisos quotidianamente emitidos sobre as modificações climáticas não podem mais ser relegados. Devemos unir nossos esforços, cada vez mais, na preservação do nos- so ambiente, que vem sendo sacrificado. Novas tecnologias, novas formas de produzir e de consumir devem ser objeto permanente do nosso esforço para avançar, superando o atraso e o desconhecimento. Este exemplo está nos mostrando que um esta do forte e poderoso de repente pode se tornar indefeso à mercê de um clima que vem há tempos solicitando nossa atenção e nosso cuidado.
Estes momentos deixam ainda mais flagrante o quanto profissionais das Engenha rias, Agronomia e áreas de Ciências e Tecnologia precisam estar embasados em um tripé de formação que assegure o conhecimento técnico, o exercício ético e a responsabilidade social e também a importante atuação dos Conselhos, que regulamentam a prática profissional seguindo estes requisitos. Um exemplo desta atuação possível é o oferecimento, pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), do apoio técnico que será necessário para a reconstrução, criando uma força-tarefa nacional de profissionais para esta finalidade. É preciso ainda que o Poder Público tome a iniciativa de ações respaldado pelo conhecimento técnico destes profissionais. Mais do que nunca, estamos unidos e vamos (re)construir!
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