Eng. Francisco Almeida
Publicado: 09/03/2020 - Fonte:Alimentar é preciso. Viver, também. Prover as necessidades diárias sempre foi uma luta constante, desde o surgimento da humanidade. Nos primórdios, as fontes de alimentos eram escassas e provinham diretamente da natureza, sem nenhuma intervenção, e, em função de sua limitação, a população manteve-se praticamente estagnada.
A inteligência propiciou a criação de mecanismos capazes de intervir no ambiente, e, de forma dirigida, aumentaram a capacidade de produção, com a domesticação de vegetais e animais para uso humano, arranjo que se manteve até por volta do século XV.
O descobrimento da América incorporou novos itens e, com o aumento da disponibilidade de alimentos, a população passou a crescer vertiginosamente, a ponto de o filósofo Thomas Malthus dizer, em 1798, que “a população crescia em progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos crescia em progressão aritmética”, indicando um iminente colapso no abastecimento.
O filósofo não viveu o suficiente para assistir ao avanço do conhecimento científico, que trouxe à luz novos recursos técnicos, que permitiram o surgimento dos fertilizantes e defensivos químicos, a aplicação dos princípios da genética e da fisiologia vegetal, a criação de máquinas e equipamentos agrícolas, o delineamento de novos modos de ocupação espacial das lavouras, o que, por sua vez, proporcionou enorme êxito no aumento das produtividades e a incorporação de novas áreas tidas como improdutivas.
A evolução tecnológica disparou e não tem dado sinais de parar tão cedo, e com isso tem trazido especializações em cada um dos campos de atuação, de modo que o profissional generalista não detém mais todo saber, e, portanto, não pode ser eficiente em todos os setores de um empreendimento agropecuário moderno.
Com isso, tem sido demandada a participação de profissionais de diversas especialidades, com conhecimentos aprofundados em campos específicos. Portanto, caminhamos para a necessidade de termos profissionais generalistas com a capacidade de reconhecer as demandas e identificar aquelas para as quais a especificidade exija a intervenção de especialistas.
O profissional moderno é aquele que admite que não pode abarcar todo conhecimento disponível, mas deve demostrar um desapego, em prol da melhoria da eficiência, admitindo a participação de terceiros, com expertises singulares.
Eng. Francisco Almeida
Presidente do Crea-GO
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